18 agosto 2009

ES


Setembro de 2008 foi um mês bastante marcante. Não pelo mês em si, mas pelos acontecimentos do mesmo. Foi com esse meu novo romance que comecei a tomar juízo, na verdade, as drogas ilícitas já estavam tomando conta de mim, e eu precisava urgentemente de um refugio para deixar essas porcarias de lado e pensar em mim. Minha amizade com José veio a calhar neste ponto, ele me convidou para ir passar uns dias com ele lá em Vila Velha e eu levei esse convite a sério. Após uma semana de conversas diárias, liguei pro meu pai e comprei minha passagem para o Espírito Santo, esse era minha primeira viagem sozinho para “longe”.
O dia da viagem chegou, com ele a emoção de embarcar sozinho. Fiz minhas malas e zarpei rumo ao aeroporto internacional de Guarulhos. Lá esperei algum tempo até dar o horário do meu vôo, em menos de uma hora já estava no ES. Desembarquei, peguei minhas malas e fui ao encontro do José. Eu ainda n o havia avistado, até que de repente, uma pessoa com uma blusa roxa rosada vem em minha direção, junto dela um sorriso que ia de orelha a orelha.
- Feee!
-Oi. Tudo bem?
-Tudo. E ai, como foi a viagem?
-Foi legal, normal.
Um beijo, um abraço e meias uma viagem, dessa vez de Vitória até Vila Velha. Eu estava morrendo de timidez, não sabia ainda se eu estava adorando aquilo ou detestando. Só sabia q uma semana e meia me esperava naquele Estado. Chegamos na casa de José, guardei as malas e logo já conheci uma amiga dele e o irmão. Juntos, fomos ao bar ali próximo, chamado Overdose. Lá encontramos mais um amigo deles e nos juntamos, pedimos algumas cervejas, vodka, coca e a tão conhecida, no bar, canelinha.
Bebi, bebi e bebi, Fumei, fumei e fumei, e não consegui me socializar descentemente com nenhum amigo do José. Ao mesmo tempo que eles pareciam querer me confortar, pareciam também querer me isolar. Mas pra mim indiferente até então. Voltamos para a casa de José, e logo ele me chamou para conversar no quarto. Acontece que a conversa dele era um pouco mais sexual do que eu esperava... beijos e amassos e logo a certeza de que eu teria ido pra lá apenas para sexo [o que no fundo eu realmente não esperava].
Essa cena me faz rir ao lembrar, eu ainda estava estranhando tudo e todos, eu estava muito cansado e o sono já alcançava meus olhos. Mas José parecia decido a gozar a qualquer custo. Eu nem tanto. Na verdade eu cochilava e acordava, e cochilava e acordava... e ele determinado a se realizar. Por fim acabei dormindo e não lembro mais o que houve nesse dia.
Os próximos dias se sucederam de forma semelhante. Mas o fogo da paixão gritava em meu coração.

“Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade
De rosas –
Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta”

Bom, depois de me escandalizar de formalidades nessa primeira página e ainda colocar um poema de Ricardo Reis [Fernando Pessoa], volto a minha escrita de forma desleixada e vulgar:
O fato é que o filho da puta desse José [estou me segurando pra não escandalizar o verdadeiro nome, mas quem me conhece sabe de quem estou falando] me conquistou até nos gestos mais fulos e com os looks mais xucros. Eu estava completamente apaixonado por ele. Eu morria de ciúmes dos amigos dele, e com razão.
Enfim, a semana se passou e minhas férias fora de época também. Retornei a Itatiba, e no caminho chorei mais que todos os oceanos juntos.
Voltei pra Itatiba com a certeza de que eu estava engajado num romance hollywoodiano. Levou um tempo pra eu perceber que as intenções de José era apenas transar comigo, que realizar que eu estava vivendo o romance sozinho. Nesse meio tempo continuei a tocar minha vida. Continuei a sair pra baladas e depois de quase um mês a ficar com outras pessoas, mas ainda amando absurdamente o pateta capixaba.